ARTIGO

Buda Nagô

Dono de vasta e valiosa obra, registrada em mais de 100 discos, o compositor emplacou sucessos como Eu vim da Bahia, Buda Nagô, Toda menina baiana e Filhos de Gandhi

. -  (crédito: photo ? @hallit/Divulgacao)
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"Até os próximos 50 bilhões de anos, onde houver alegria e amor, haverá Preta". Foi assim, de forma comovente, que Gilberto Gil demonstrou o seu sentimento, nas redes sociais, pela perda da filha Preta Maria Gadelha Gil Moreira. No último dia 20, a cantora partiu para outra dimensão, em Nova York, onde estava em busca da cura para um tumor maligno. 

O falecimento da artista carioca, aos 50 anos, causou um grande impacto no meio artístico e em outros segmentos da sociedade brasileira, para os quais deixou precioso legado, representado por amor próprio, coragem, justiça e liberdade. São valores que lhe foram  transmitidos pelo pai, grande humanista.

Visto como um Buda Nagô, Gil iniciou sua longa e vitoriosa trajetória em Salvador, sua terra natal, no ano de 1964. Ao lado de Caetano Veloso, Tom Zé, Maria Bethânia e Gal Costa, acompanhados pelo violonista barreirense Alcyvando Luz, no espetáculo Nós por exemplo, que inaugurou o Teatro Vila Velha, na região central de Salvador.   

O  Brasil tomou conhecimento de Gil três anos depois, quando o compositor conquistou o terceiro lugar no histórico Festival da Record, com Domingo no parque, acompanhado pelo grupo Mutantes, que tinha Rita Lee como vocalista. Logo depois, ele e Caetano lideraram a Tropicália, um dos mais relevantes movimentos no âmbito da MPB.

Dono de vasta e valiosa obra, registrada em mais de 100 discos, o compositor  emplacou sucessos como Eu vim da Bahia, Buda Nagô, Toda menina baiana, ?, Expresso 2222, Preciso aprender a só ser, Palco,  Procissão, Sítio do Pica-Pau Amarelo. Destaque para Aquele abraço, que compôs, quando se despediu do Brasil e antes de partir para o exílio em Londres, imposto pela ditadura militar, em 1968; e Back in Bahia, feita logo antes de retornar ao Brasil.

Assisti a todos os shows que Gil fez em Brasília. O primeiro, em 1975, intitulado Refazenda, que deve ser visto como um marco, já que fez parte da primeira turnê de um artista da música brasileira. Apresentado  no ginásio de esportes do Colégio Marista, na 609 Sul, superlotou aquele espaço. O mais recente foi o Tempo Rei, em 7 de junho último, no Estádio Mané Garrincha, que reuniu 40 mil pessoas. De acordo com o eterno tropicalista, esta será sua última turnê.

 

IR
postado em 05/08/2025 06:00
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