
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados nesta sexta-feira (8/8), mostram que o faturamento no setor desacelerou no segundo trimestre do ano. Apesar do avanço de 6,5% no acumulado de janeiro a junho, os números indicam que, nos últimos meses, a indústria enfrenta uma queda de produtividade e, consequentemente, de faturamento. Nesse contexto, o faturamento no segundo trimestre recuou 2,6%.
No mesmo período, a pesquisa mostra que houve queda no número de horas trabalhadas na produção, que recuou 1% entre abril e junho de 2025. Segundo a CNI, a desaceleração também ocorre no mercado de trabalho, mesmo que ainda de forma mais lenta. No último mês de abril, a estatística de emprego industrial registrou queda pela primeira vez depois de praticamente um ano e meio.
Entre os meses de maio e junho, os postos de trabalho do setor continuaram estáveis, segundo a entidade. Desta forma, o índice de emprego fechou o segundo trimestre do ano com uma ligeira queda de 0,1%. No acumulado do primeiro semestre, no entanto, houve avanço de 2,4% em relação ao mesmo período de 2024.
Na avaliação da especialista em Políticas e Indústria da CNI Larissa Nocko, é possível afirmar que o aumento das tarifas contribuiu para a elevação da incerteza do ambiente de negócios a nível internacional, apesar de que isso não deve ser considerado como um fator isolado para a perda de produtividade na indústria.
“Existem outros fatores que seguem como desafios à produção. As expectativas para esse segundo semestre de 2025 são premiadas por alguns desafios para a indústria de transformação. Então, tanto no mercado internacional, que tem sido premiado por um ambiente de bastante incerteza, quanto por outros problemas que já vêm de longa data”, avalia.
Entre os problemas estruturais elencados pela especialista, estão a alta carga tributária no país, alinhada com um ambiente de juros elevados, demanda interna insuficiente e falta ou alto custo da mão de obra especializada.
“O segundo semestre será desafiador para a indústria de transformação. Há bastante incerteza no mercado internacional, ao mesmo tempo em que problemas internos de longa data, como carga tributária e juros elevados, demanda interna insuficiente e falta de mão de obra especializada, seguem sendo entraves para o setor”, completa Nocko.
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