
Em meio a uma semana agitada no cenário doméstico, o dólar voltou a cair nesta quinta-feira (7/8) e emplacou a 5ª retração consecutiva em relação ao real no fechamento. Ao final da sessão, a moeda norte-americana registrou queda de 0,72%, cotada a R$ 5,42 na cotação comercial.
Apesar de ainda haver uma série de indefinições em relação ao futuro comercial entre o Brasil e os Estados Unidos, os investidores começam a sentir um alívio das tensões entre os dois países, com o retorno das negociações. Nesta quinta-feira, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, se reuniu com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar.
Com mais uma queda, o dólar já acumula uma retração de 3,2% desde a última sexta-feira (1º/8), quando abriu o dia cotado a R$ 5,60. Ao mesmo tempo, o Índice DXY, que mede a força da divisa norte-americana em relação às principais moedas do mundo, fechou esta quinta-feira praticamente estável, com leve baixa de 0,01%.
Na avaliação do economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, além do fluxo positivo de capital estrangeiro, a perspectiva apontada por analistas de que a inflação deve ficar sob controle em 2025 contribui para a queda do câmbio. Ele destaca que a divulgação do resultado do Índice de Preços ao Produtor (IPP), nesta quinta-feira, que registrou uma deflação abaixo do esperado, foi um dos fatores positivos para essa percepção.
“Isso já mostra realmente a influência que a queda do dólar tem sobre o indicador que é muito correlacionado com a nossa taxa de câmbio e que acaba influenciando bastante também nosso IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado, a ‘inflação dos aluguéis’) e perdurando, essa situação acaba também contaminando positivamente o nosso IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) à frente”, destaca.
Já o professor de economia no campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) Luciano Nakabashi acredita que o cenário de possível queda dos juros nos Estados Unidos seja um fator mais determinante para a desvalorização do dólar. O especialista também cita a guerra comercial entre os países e acredita que a percepção de que a alíquota pode ser ‘relaxada’ em algum momento contribui para acalmar o mercado.
“As tarifas altas vão afetar os preços nos EUA e gerar um grande desgaste para o presidente Trump. Ele vai ter que relaxar essa política. As tarifas não são somente para o Brasil, mas para uma série de países”, destaca o professor. Além do câmbio, o mercado de ações teve um dia positivo nesta quinta-feira, com o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3) encerrando o pregão em alta de 1,48%, aos 136.527 pontos.