
O tarifaço implementado pelo governo dos Estados Unidos deve impactar grande parte dos produtos brasileiros comercializados entre os dois países. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicado nesta quarta-feira (6/8), cerca de 8 mil itens serão taxados com tarifas adicionais anunciadas desde o início do mandato do presidente dos EUA, Donald Trump. Esse número representa 77,8% de toda a pauta exportadora entre as duas nações.
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A pesquisa está baseada em dados da United States International Trade Commission (USITC), de acordo com a entidade, e considera as ordens executivas que instituíram as tarifas de 10%, de 40% e a Seção 232 do Trade Expansion Act, de 25% e 50%, que foram aplicadas exclusivamente a produtos de aço, alumínio, cobre, veículos e autopeças.
Ao todo, 10.298 produtos foram identificados dentro da pauta exportadora entre Brasil e Estados Unidos neste levantamento. Na avaliação do presidente da CNI, Ricardo Alban, os dados revelam a “dimensão do problema enorme" do que o país terá de enfrentar e o quanto será necessário avançar nas negociações para reverter esses entraves comerciais.
“É um trabalho que precisa envolver governos e os setores produtivos. Os EUA são os principais parceiros comerciais da indústria, precisamos encontrar saídas”, disse Alban. Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 41,4% da pauta exportadora brasileira aos EUA, que representa 7.691 produtos de diversos setores, está sujeita à alíquota máxima de 50%. Em 2024, a exportação desses bens alcançou US$ 17,5 bilhões, como destacou a entidade.
O segmento que mais deve ser afetado com as alíquotas maiores é a indústria de transformação, que responde por 69,9% desse valor, com 7.184 produtos impactados diretamente pelas tarifas. Setores como Vestuário e acessórios (14,6%), Máquinas e equipamentos (11,2%), Produtos têxteis (10,4%), Alimentos (9,0%), Químicos (8,7%) e Couro e calçados (5,7%) são os mais afetados com a tarifa máxima de 50%.
Propostas
Entre as propostas defendidas pela CNI para contornar o desafio atual com as novas tarifas dos EUA, para o setor produtivo no país, está a criação de uma linha de financiamento emergencial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com juros de 1% a 4% ao ano, para empresas diretamente impactadas pelo tarifaço em suas cadeias produtivas.
Além disso, a entidade defende o adiamento, por 120 dias, do pagamento de todos os tributos federais, incluindo contribuições previdenciárias, e o parcelamento, em, pelo menos, seis meses e sem incidência de multas e juros. Outra medida adicional é o pagamento dos valores dos tributos que tiveram o recolhimento adiado, para os afetados com as medidas.
“Nossas propostas buscam mitigar os efeitos econômicos adversos aos setores afetados pelas barreiras, preservar a capacidade exportadora das empresas brasileiras e garantir a continuidade das operações internacionais em um cenário de alta imprevisibilidade”, destacou o presidente da CNI.