
Acompanhada por Fernanda Montenegro, Lilia Schwarcz e Rosiska Darcy, a jornalista e escritora Miriam Leitão, de 72 anos, tomou posse, nesta sexta-feira (8/8), na cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo o cineasta Cacá Diegues, falecido em fevereiro deste ano.
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“Grande dia, grande mãe e grande mulher. Estou emocionada”, disse a atriz Fernanda Montenegro, que não conteve as lágrimas ao abraçar a nova imortal e lhe desejar boas-vindas.
Miriam Leitão é a 12ª mulher a ingressar na ABL. Sua eleição ocorreu em 30 de abril, quando foi escolhida com 20 dos 34 votos possíveis, em disputa com o ex-ministro da Educação Cristovam Buarque. Em seu discurso de posse, Miriam destacou a importância de ocupar uma cadeira na ABL e relembrou como sua paixão pelos livros guiou sua trajetória até ali.
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“O livro é o centro de nossas vidas, é o nosso amor da vida inteira. O amor aos livros me trouxe até aqui. Agradeço a todas as pessoas que, neste espaço ou longe daqui, se alegram com minha alegria. Agradeço à Academia Brasileira de Letras.” Ela também enfatizou o sentimento coletivo que une os integrantes da instituição:
“Nós temos o mesmo amor. Todas as pessoas que pertencem a esta Casa, e as que estiveram antes nas 40 cadeiras. As que estão nesta cerimônia são numerosas brasileiras e brasileiros que têm o mesmo caso de amor com os livros — e querem o objeto amado só para si. Hoje, na cidade do Rio de Janeiro, na capital mundial do livro de 2025, eu, Miriam Leitão, me sinto em glória — a glória que fica, ensinou Machado — porque as senhoras Acadêmicas e os senhores Acadêmicos disseram ‘sim’ quando eu bati à porta desta Casa, que há 128 anos defende e protege o livro e a língua portuguesa. Agradeço a generosidade, a acolhida, os conselhos, e especialmente a quem me mostrou que eu sonhava o que nem sabia que sonhava.”
Vida longa
Miriam Azevedo de Almeida Leitão nasceu em 7 de abril de 1953, na cidade de Caratinga, Minas Gerais. Sexta entre 12 filhos do educador e pastor presbiteriano Uriel e da educadora Mariana, iniciou sua carreira profissional no Espírito Santo, passando depois por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
É casada com o escritor e cientista político Sérgio Abranches, com quem tem dois filhos, Vladimir Netto e Matheus Leitão. Também é madrasta de Rodrigo Abranches e avó de Mariana, Daniel, Manuela e Isabel.
Durante sua juventude, em meados dos anos 1970, Miriam foi presa e processada com base na Lei de Segurança Nacional, aos 19 anos e grávida, por se opor à ditadura militar.
Segundo a Academia Brasileira de Letras, a nova imortal é autora de 16 livros, entre obras de não ficção, crônicas, romance e literatura infantil. Com uma carreira de 53 anos no jornalismo, passou por veículos como Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Desde 1991 integra o Grupo Globo, onde é colunista do jornal O Globo, comentarista na GloboNews, CBN e Bom Dia Brasil, além de apresentar o programa de entrevistas “Miriam Leitão GloboNews”.