
O coração raramente grita por socorro — ele sussurra. E esses sussurros, muitas vezes silenciosos e invisíveis, precisam ser identificados antes que se transformem em uma emergência. Uma dúvida comum nos consultórios médicos é: existe exame capaz de prevenir um infarto? Segundo o cardiologista Hugo Zampa, da Rede D’Or, a resposta é sim.
O exame indicado para essa finalidade é a angiotomografia coronariana, que detecta a presença de placas de gordura ou cálcio nas artérias do coração. Essas obstruções, explica o médico, podem levar a um infarto. “É um exame rápido, fácil de fazer e que fornece informações semelhantes às de um cateterismo, mas de forma não invasiva”, afirma.
Apesar do nome técnico, o procedimento é mais simples do que parece. O paciente recebe um contraste — uma substância à base de iodo aplicada por via intravenosa durante exames de imagem — com baixíssimo risco de efeitos colaterais e, graças às novas tecnologias, há poucas contraindicações. A principal restrição, segundo Zampa, ocorre em casos de alergia severa a substância, especialmente quando há histórico de reações graves.
A angiotomografia pode ser solicitada mesmo na ausência de sintomas, desde que o paciente apresente fatores de risco, como histórico familiar, colesterol elevado, hipertensão ou diabetes. “Quando detectamos uma placa vulnerável, com chance de causar infarto, conseguimos agir com rapidez e evitar complicações”, explica o cardiologista.
Zampa faz um alerta importante: os sintomas cardíacos nem sempre seguem o padrão clássico de dor no peito irradiando para o braço esquerdo. “Qualquer dor entre a cicatriz umbilical e as costas pode estar relacionada ao coração”, destaca. “Mulheres e idosos, por exemplo, tendem a apresentar esses sinais atípicos.”
A possibilidade de identificar essas placas antes que causem um infarto é uma grande vantagem. Isso permite iniciar um tratamento mais eficaz e evitar o agravamento do quadro. “Se já há placas formadas, podemos puxar o freio de mão e até reverter o processo”, afirma.
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O cardiologista reforça: o infarto é o momento em que o coração sofre. O ideal é agir antes disso acontecer. “Quando o paciente já chega infartado, o processo de reversão é muito mais difícil. A prevenção ainda é o melhor caminho para garantir qualidade de vida.”
Se você tem fatores de risco ou dúvidas sobre sua saúde cardiovascular, procure um especialista. “O cardiologista saberá avaliar a necessidade de exames e indicar os melhores caminhos para cuidar do seu coração”, orienta Zampa.
Como funciona
O Congresso Internacional de Cardiologia da Rede D’Or São Luiz é realizado de 7 a 9 de agosto, no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Serão discutidos temas relevantes da prática clínica do cardiologista, com apresentações interativas e discussão de casos clínicos. A programação foi planejada para abordar toda a complexidade da cardiologia.
*A jornalista viajou a convite da Rede D’Or.