
Uma antiga civilização submersa no fundo do Lago Van, na Turquia, pode lançar nova luz sobre a narrativa do dilúvio presente em textos sagrados como a Bíblia. Localizado a cerca de 240 quilômetros do Monte Ararat, tradicionalmente considerado o local de repouso da Arca de Noé, o complexo de ruínas foi identificado a 26 metros de profundidade e desperta o interesse de pesquisadores independentes que questionam as versões clássicas da história.
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A descoberta foi feita em 1997 pelo cineasta subaquático turco Tossen Salin, enquanto estudava os invertebrados do lago. Desde então, evidências geológicas e estruturais apontam que a área pode ter sido inundada entre 12 mil e 14,5 mil anos atrás, após uma erupção do Monte Nemrut que bloqueou o Rio Mirat e elevou drasticamente o nível das águas. A catástrofe teria provocado um cenário de destruição capaz de inspirar lendas de dilúvio que atravessaram milênios.
Para o pesquisador independente Matthew LaCroix, a descoberta desafia interpretações tradicionais. "Até onde eu sei, nenhuma civilização dos últimos 6 mil anos teve os meios tecnológicos para criar o tipo de alvenaria que estamos vendo aqui", afirmou em entrevista ao podcast Limites, de Matt Beall.
A nova expedição liderada por ele e uma equipe internacional de mergulhadores está prevista para setembro. O grupo pretende explorar mais de 800 metros de estruturas submersas, incluindo uma fortaleza de pedra e templos circulares com alvenaria esculpida com precisão. Alguns dos símbolos encontrados nas ruínas é a chamada "Flor da Vida", gravada também em locais sagrados no Peru e na Bolívia, sugerindo conexões culturais entre civilizações distantes.
Apesar de arqueólogos atribuírem o complexo à era urartiana, há cerca de 3 mil anos, ou até à Idade Média, especialistas admitem que o sítio ainda não foi devidamente datado. Como as pedras não podem passar por datação por carbono, os cientistas esperam encontrar sedimentos ou materiais orgânicos preservados que confirmem a idade real das construções.
Além da dimensão arqueológica, a região também possui relevância simbólica. O mapa-múndi babilônico, considerado o mais antigo do mundo, destaca a área de Ararat, próxima ao Lago Van, como um ponto sagrado, possivelmente associado a histórias de sobrevivência após uma grande inundação.
Para LaCroix, a intenção não é desacreditar a narrativa bíblica, mas compreendê-la sob outra perspectiva. Ele sugere que a história da Arca de Noé pode ser uma versão reinterpretada de um desastre real e ancestral. "Imagino uma civilização próspera à beira do lago, com templos e estruturas duráveis. Um povo que jamais pensou que tudo aquilo poderia ser submerso, até que o mundo deles mudou para sempre."
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