Entrevista

Atores de "O casal mais sexy da América" falam em "valorização da juventude"

Vera Fischer e Leonardo Franco trazem a Brasília o espetáculo "O casal mais sexy da América". Ao Correio, falaram sobre a importância de abordar o etarismo na atualidade. "Anos atrás, o pessoal com mais idade comandava a televisão"

 08/08/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - CB.Poder entrevista os atores Vera Fisher e Leonardo Franco. -  (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
08/08/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - CB.Poder entrevista os atores Vera Fisher e Leonardo Franco. - (crédito: Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Protagonistas da peça O casal mais sexy da América, a atriz Vera Fischer e o ator Leonardo Franco estiveram, nesta sexta-feira (8/8), no CB.Poder Especial — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Às jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, os intérpretes falaram sobre as temáticas que envolvem o espetáculo, em especial o etarismo. Além disso, traçaram um paralelo importante entre o passado e o presente da indústria de entretenimento. 

O que a peça vai trazer de nuances do etarismo para o público?

Vera Fischer — É um espetáculo cheio de nuances com temas muito diversificados. Os dois personagens principais da peça — Susan White e Robert McAllister —, que são dois atores da televisão americana, fizeram muito sucesso na década de 1990. Tanto que eles foram chamados de o casal mais sexy da América. Eles eram jovens, obviamente, e a peça se inicia em um quarto de hotel, 30 anos depois. Lá, começam a falar sobre o passado deles, de como eram famosos e, de repente, não estão mais sendo chamados para papéis importantes. Começa mostrando ao público que eles sentem essa barra pesada da idade. E também, na vida pessoal, não tem mais aquele brilhantismo que tinham quando mais jovens.

A impressão que temos é que a indústria de entretenimento é muito mais cruel com a mulher do que com o homem. Mas você também sente isso?

Leonardo Franco — A indústria é cruel. O que essa peça tem de melhor é que ela veio trazer, para mim e para a Vera, a nossa situação de vida. É muito interessante quando o ator se descobre fazendo a peça, quando as informações do espetáculo fazem o ator se modificar. Não estamos mostrando para o público somente uma realidade possível, estamos descobrindo as nossas próprias questões e problemas, para resolvermos juntos da audiência. Essa questão do etarismo é muito séria. Anos atrás, o pessoal com mais idade comandava a televisão. Aquela geração de ouro da rede Globo, da qual a Vera participou, não tinha muito espaço para os jovens. Agora é o contrário, temos uma filosofia de valorização à juventude. Deixaram de ter papéis para homens e mulheres com mais idade. Isso acontece de verdade, e na indústria do entretenimento é muito forte.

O Brasil está envelhecendo. Daqui a pouco, 30% da população será idosa. Não somos mais o país jovem, estamos envelhecendo em um ritmo acelerado. Será que as artes não vão se adaptar a isso? 

Leonardo Franco — Acredito que sim, mas ainda não é o momento. Vamos ter que refletir bastante, criar oportunidades. O padrão, agora, é o da juventude e do frescor. Isso é vendido pelo mundo inteiro. As plataformas de streaming, os filmes e os grandes heróis não têm mais uma valorização dos atores com as "cabeças coroadas", daqueles que fazem diferença em um elenco. Às vezes, se vê uma novela que não está indo bem, aí entram duas ou três pessoas como a Vera, e a novela dispara, porque precisa desse ?peso e desse reconhecimento. Para os homens, não é tão diferente. Apesar de estarem em uma posição de poder dentro desse setor e em vários outros. As mulheres têm tanto ou mais capacidade de dirigir uma empresa. No entanto, os homens também passam por uma série de questões.

 08/08/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - CB.Poder entrevista os atores Vera Fisher e Leonardo Franco.
08/08/2025 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - CB.Poder entrevista os atores Vera Fisher e Leonardo Franco. (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Qual é o maior desafio de estudo e preparação para essa peça?

Vera Fischer — Olha, sou muito engraçada, porque a minha personagem é uma atriz que tem processos. Estudam, ensaiam e leem muito. No caso dele (Leonardo), é diferente, pois ele decora o texto e faz, simples assim. São dois tipos de atores que existem e criam processos. Eu sou autodidata, nunca fiz um curso de absolutamente nada, mas eu lia a minha vida inteira e trabalhava demais. Se você tem um arquivo dentro de si sobre personagens de filmes, de livros e de peças de teatro, é mais fácil de colocar para fora. É muito interessante a peça, porque ela vai indo nesse ritmo, falando desses atores, que têm uma doçura um com o outro, apesar de se xingarem muito. 

Nessa peça tem muita improvisação, daquelas de esquecer o texto, tocar e o público nem perceber?

Leonardo Franco — As pessoas perguntam: mas teatro não é sempre a mesma coisa? E a gente responde que não, nunca é. Cada apresentação é uma realidade diferente. Porque, efetivamente, chegamos na peça um dia de uma certa maneira, no outro dia muda. Às vezes, realmente, esquecemos o texto, não lembramos muito bem como é a fala, aí improvisamos uma outra. O colega também diz outra coisa e quem está no palco precisa salvar. É uma diversão.

 


postado em 09/08/2025 02:00
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