
A atriz Vera Fischer e o ator Leonardo Franco estiveram, nesta sexta-feira (8/8), no CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Os atores desembarcaram na capital federal para levar ao público brasiliense o sucesso da peça O casal mais sexy da América. Entrevistados pelas jornalistas Adriana Bernardes e Sibele Negromonte, também destacaram a importância de falar sobre o etarismo, um dos temas centrais do espetáculos.
Para Fischer, a peça é recheada de nuances e assuntos a serem abordados. Mais do que isso, narra a história de dois astros da televisão na década de 1990 que, com o passar do tempo, acabaram calados pela mesma indústria que os levaram ao sucesso nas telas. “Queremos mostrar ao público que eles sentem essa barra da idade. E também, na vida pessoal, a ausência daquele brilhantismo”, diz Vera.
Dessa maneira, a discussão em cima do espetáculo tenta passear por todos os dilemas que envolvem o avançar dos anos. Da perspectiva feminina, a atriz ressalta que, tanto na peça quanto fora dela, vive isso de perto. “Como tenho mais de 70 anos, posso dizer que passo por esse momento”, revela. Para Leonardo Franco, de fato, a indústria de entretenimento é mais cruel com a mulher madura.
Contudo, o trabalho dos dois também reconhece suas situações de vida e sentimentos pessoais, mostrando que a arte e a realidade podem sempre se encontrar. “É muito interessante quando o ator se descobre fazendo a peça. Não estamos mostrando para o público somente uma situação possível, estamos descobrindo as nossas próprias questões e problemas”, acrescenta.
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Passado e presente
Leonardo e Vera vêm de uma geração de ouro da televisão. Ambos, em seus respectivos trabalhos, fizeram uma bonita trajetória na teledramaturgia até aqui. Na visão do ator, mudou-se muito de como o universo da atuação valoriza os atores mais velhos. Hoje, segundo ele, é mais comum ver os jovens com mais protagonismo. “Na nossa época, não havia isso, quase não tinha espaço para os atores novos. Agora, a filosofia é valorizar a juventude”, completa.
Assim, na visão de Leonardo deixaram de ter papéis para homens e mulheres com mais idade. “Isso acontece de verdade e na indústria do entretenimento é muito forte”, enfatiza o ator. De certo modo, como abordou a jornalista Sibele Negromonte, esse padrão de valorização à juventude nas artes anda em contramão ao ritmo de envelhecimento no Brasil, que está acelerado.
Entretanto, encaixar-se nesse cenário — que é real — não parece possível no momento. “Se quisermos mudar, precisaremos rever os padrões. Atualmente, falamos sobre juventude, sobre frescor. Isso é vendido pelo mundo inteiro. As plataformas de streaming, os filmes e os grandes heróis não tem mais uma valorização das pessoas com experiência”, complementa Leonardo.
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