Ligue 180

Marcia Lopes defende educação no combate à violência de gênero

Ministra afirma que Brasil precisa valorizar o protagonismo feminino e romper com a cultura de agressões

Márcia Lopes assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves -  (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Márcia Lopes assume a pasta no lugar de Cida Gonçalves - (crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Durante o lançamento do Painel do Ligue 180, nesta quinta-feira (7/8), a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, afirmou que o enfrentamento da violência de gênero exige políticas públicas integradas, com foco na educação, autonomia econômica e protagonismo feminino. O evento marcou o início da campanha Agosto Lilás e os 19 anos da Lei Maria da Penha.

“Nós só vamos dar conta de enfrentar essa violência se mudarmos a cultura, se cuidarmos da educação desde a infância, se tivermos mulheres com acesso ao conhecimento, ao trabalho, à política, à decisão. O Brasil precisa valorizar o protagonismo feminino para virar essa chave”, afirmou a ministra, ao lado de representantes da Casa Civil, da Justiça, da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e do Ministério Público.

A titular da pasta também criticou a banalização da violência e a culpabilização das vítimas, frequentemente naturalizadas na sociedade. “É inadmissível ouvir que uma mulher apanhou porque ela queria, porque ela ficou, porque ela voltou. Quem tem que sair de casa é o agressor. A mulher precisa ser protegida”, disse Márcia, ao destacar a importância da responsabilização dos agressores e da ampliação da rede de proteção.

O novo Painel do Ligue 180 reúne dados sistematizados sobre as denúncias feitas por mulheres em todo o país. Apenas nos sete primeiros meses de 2025, o canal recebeu mais de 594 mil atendimentos, sendo 86 mil denúncias de violência. A maior parte refere-se a violência física (41,4%), psicológica (27,9%) e sexual (3,6%), com episódios majoritariamente cometidos por parceiros ou ex-parceiros.

Segundo a ministra, o objetivo da plataforma é qualificar o debate público e subsidiar políticas mais eficazes. “A violência não está diminuindo. Por isso precisamos tirar o tema da invisibilidade e adotar medidas preventivas e estruturantes. Dados são instrumentos de transformação quando colocados a serviço da cidadania”, disse.

Márcia também lembrou que muitas mulheres demoram anos para romper o ciclo da violência. “Temos casos em que a mulher relata 10, 15 anos de violência. Isso é o retrato de uma sociedade que ainda falha em dar respostas. Estamos trabalhando para virar esse cenário”, afirmou. A ministra ainda destacou a atuação da Central do Ligue 180, que conta com 288 atendentes especializadas e funciona 24 horas por dia.

postado em 07/08/2025 18:42
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